domingo, 6 de fevereiro de 2011

PARA MILEY CYRUS, que acabou de fazer 17 anos, a vida é facilmente dividida pela fama. Há os 13 anos antes de ser famosa, e há tudo o que veio depois. Antes da fama, shows lotados e tapetes vermelhos eram coisas do pai, Billy Ray Cyrus, e seu “achy-breaky heart”.
“Eu me lembro de tantas vezes quando eu era mais nova e falar, Porque papai dorme tanto quando ele está em casa?” Miley diz.
“Porque papai não quer brincar? Agora eu estou entendendo isso. Quando eu chego da estrada, a primeira coisa que eu faço é pegar minha irmãzinha [Noah Lindsey, 10 anos] e ficar com ela o quanto ela suportar.”
Mas esses dias são todos sobre Miley. Desde que ela assinou para fazer o papel de sua alter-ego chamada Hannah Montana no Disney Channel quatro anos atrás, ela passou a ser totalmente famosa, ter sua adolescência narrada pelos paparazzis, ter cada tweet analisado – antes de ter deletado sua conta. (Ela estava cansada de seus posts virarem notícias em sites de fofocas). “Tudo é tão dramático nesse mundo” ela disse em um quartinho no coliseu em Long Island, aonde ela está em turnê e acabou de fazer a checagem de som. O show de hoje a noite, como todos os outros, está esgotado.
Fora o seu sucesso imenso (a People estimou o valor da “franquia” de Miley em 1 bilhão de dólares), crescer no centro das atenções foi difícil. Houve uma sessão de fotos por Annie Leibovitz para a Vanity Fair com Miley envolta em um lençol que fez os pais ficarem muito ofendidos.
“Sério, meus pais estavam achando que estavam vendo uma foto bonita tirada por uma fotógrafa experiente, e os americanos querem ver algo sujo nisso?”
diz Miley, e está usando uma blusa cinza simples e enorme, com um jeans dobrado em uma parte das botas.
“Isso não faz sentido para nós [minha família], porque não olhamos pra negatividade. Mas as pessoas não querem dizer ‘Que ótima apresentação’ ou ‘Que ótima tacada’. Ninguém quer olhar para coisas assim e ver o lado positivo, porque isso não vende a revista.”
E sobre aquela performance de pole dance em um carrinho de sorvete em agosto no Teen Choice Awards que foi comparado a uma dança de stripper? Um gerente, para protegê-la, se oferece para intervir, mas Miley não precisa. Apesar de ter uma série de manipuladores nervosos prontos para saltar ao menor sinal de problema, ela consegue, claramente, cuidar de si mesma sozinha. “As pessoas gostam de controvérsias porque isso é o que vende”, ela diz com resignação.
“Meu trabalho é ser um modelo, e é isso que eu quero fazer, mas meu trabalho não é ser um pai/mãe,” ela diz. “Meu trabalho não é falar para seus filhos como agir, ou como não agir, porque eu ainda estou entendo isso para mim mesma. Então tirar isso de mim é ser um pouco egoísta. Seus filhos irão cometer erros quer eu queria ou não. Isso é só a vida.”
E Miley está pronta para amadurecer. Ela irá filmar a quarta e última temporada de Hannah Montana este ano, e ela já gravou um novo filme mais adulto, “A Última Música” (que será lançado em abril), baseado em um livro de Nicholas Sparks, no qual ela estrela como uma adolescente rebelde se reconectando com seu pai (Greg Kinnear). “As pessoas ficarão muito surpresas quando verem o filme”, ela diz com orgulho. “É bem profundo. Eu quero fazer filmes assim – filmes que você sai se sentindo preenchida.” O filme foi filmado em Tybee Island, Georgia, durante o verão, e Miley conseguiu espantar os paparazzis e ter um verão de adolescente normal.
“Eu entrei no avião [para Georgia], e eu estava deitada no colo da minha mãe chorando e dizendo Eu estou tão feliz por sair de L.A.,” diz Miley. Em Tybee, “Eu saia todas as noites com meus amigos. Eu fui ao karoke. Eu dancei. Todas essas coisas não seriam tão importantes em Los Angeles: Com quem ela está? Porque ela está dançando? Eu me senti viva e real. É bem mais fácil saber quem você é quando não tem milhares de pessoas dizendo quem eles acham que você é. Eu senti que eu estava realmente descobrindo quem eu sou. Normalmente eu tenho alguém sussurrando no meu ouvido, mas eu estava sozinha.
“Eu nunca me sinto em casa em lugar nenhum”, ela continua. Sobre Nashville, sua cidade natal, Miley diz: “Eu quase sinto que não é meu lugar porque ninguém entendia a música ou a atuação. Eles achavam que era glamuroso, mas eles não viam isso como um trabalho. Eu sabia que era um trabalho duro por causa do meu pai, e nunca quis isso. Eu não estava animada por andar num tapete vermelho porque isso parecia normal para mim. A parte da diversão para mim era estar em turnê, estar num ônibus. Eu amo olhar para aqueles 27 caminhões e ônibus, e cada um deles estão ali para se juntarem e formarem o palco.”
Do lado de fora do Coliseum hoje, há muitos caminhões, e também há seus fãs, gritando através do estacionamento, segurando a mão de suas mães, seus pais e de suas irmãs adolescentes. Várias delas estão usando rosa: casacos de lã rosa, moletons rosa com capuz e aparelhos com elásticos rosa. Alguns já marcaram sua adoração com canetinhas, glitter e tinta puffy: EU AMO MILEY!! E os corações, os arco-íris, os unicórnios e as estrelas.
O estilo próprio de Miley é um pouco mais maduro (embora seu rosto seja o de um querubim, ela é tão forte que você a pode olhar com os olhos tão arregalados quantos os dela). Seu cabelo é longo, castanho e com extensões, e ao lado do nariz tem um minúsculo ponto de ouro. (o piercing de nariz é uma rara exceção à sua política ‘sem dor’.) Um pequeno escândalo aconteceu recentemente quando um fotógrafo a flagrou com uma pequena marca de tinta perto de seu biquini: É uma tatuagem? É de verdade? Em uma estrela da Disney? Na verdade, os pais de Miley e o seu irmão mais velho Trace têm várias tatuagens, mas ela tem apenas uma, e é recente: JUST BREATHE (Apenas Respire, em português) gravado abaixo de seu coração. A caligrafia é de sua mãe, e tem um significado: Uma das amigas mais próximas de Miley morreu de fibrose cística em 2007, e os seus dois avós morreram de câncer de pulmão.
“Me lembra de não levar as coisas para o sentido ruim. Eu digo, respirando – isso é uma coisa que nenhum deles podia fazer, a coisa mais básica”, ela diz. “E eu coloquei perto do meu coração, porque é lá que eles sempre estarão.”
Mas e quanto a dor? Miley tem fobia de agulhas. “Realmente não dói se você está pensando sobre o significado,” ela diz. “Eu nunca poderia fazer uma tatuagem sem sentido, mas eu penso que se você está fazendo alguma coisa importante, que é significante na sua vida, tira uma parte da dor.”
Ainda assim, as mães estão preocupadas, esperando que suas garotinhas não corram para fazer uma tatuagem. Afinal, milhões de adolescentes copiam Miley em todas as suas escolhas. Mas fora toda essa adoração, Miley compartilhou suas inseguranças. “Eu costumava perguntar a todo mundo o dia todo, ‘Eu estou bonita?’ Eu provavelmente perguntei isso o mesmo número de vezes que eu pisquei,” ela admite. Em Georgia, ela finalmente superou isso.
“Não foi porque eu comecei a me sentir bonita; foi apenas porque eu estava confortável. Eu estava acostumada com paparazzis e câmeras e aquele ‘O que você está vestindo?’ e tendo pessoas me encarando.”
Isso não quer dizer que ela não se importa com estilo – e uma busca no You Tube irá mostrar um vídeo de Miley em seu enorme closet. “Eu sou um pouco moleca,” ela diz. “Eu amo fazer compras, mas eu fico claustrofóbica. Eu fico com dor de cabeça. Eu gosto de ir a apenas um lugar e ficar lá por um tempo.” Sua loja favorita? “Barneys. Você pode ir em um andar e achar uma bolsa igual a da Prada ou da Gucci, ou você pode ir no outro andar e achar Marc by Marc Jacobs ou blusas Splendid.” Ela ama jóias da Loree Rodkin sobre blusas básicas da Hanes.
“Eu acho que é tão legal quando garotas perguntam pra mim, Daonde é sua blusa? e eu digo, Hanes, mas eu tenho $60,000 de jóias em cima dela!”
Miley entrou no mundo da moda sozinha, trabalhando com o designer Max Azria em uma linha de roupas para o Walmart. “Nós olhamos para o que eu visto, e depois tentamos fazer isso por $16. Vamos dizer que eu estava usando ombreiras no tapete vermelho; nós iremos fazer isso. É algo que você nunca viu no Walmart antes!” ela diz, soando como uma adolescente exuberante.
Mas ainda há mais Miley por vir, e a próxima Miley que o mundo verá talvez não seja aquela garota que canta “Party In The U.S.A.” em um microfone brilhante. Ela está ficando mais envolvida com o mundo: Recentemente, ela fez parceria com Youth Service America para lançar o geturgoodon.org, um lugar online para crianças que querem fazer o bem. Recolha um pouco de lixo, por exemplo, faça um vídeo, e compartilhe no site. Ela também está trabalhando para providenciar fundos para adolescentes cujos projetos são mais ambiciosos do que seus recursos. E, acima de tudo, Miley está anciosa para mudar. “Eu estou gravando outro álbum agora que é outro álbum pop, e depois quero fazer um CD que seja realmente como eu sou.” Ela faz uma pausa. “Eu não sei exatamente quem eu sou ainda.”
Leia também a matéria completa e traduzida da revista Harper’s Bazaar no formato idêntico ao original, na MMagazine. Para isso clique no banner acima

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